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Colelitíase: cálculos na vesícula biliar

Atualizado em: 19/07/2023
Tempo de Leitura: 5 minutos
Sumário
Colelitíase - Imagem Ilustrativa

A colelitíase é a formação de cálculos (“pedras”) na vesícula biliar, podendo causar sintomas e complicações. A colecistectomia é a cirurgia de remoção da vesícula e geralmente é o tratamento de escolha para a colelitíase sintomática, pois é um procedimento seguro e eficaz. Clique aqui e tire suas dúvidas.

O que é a vesícula biliar?

A vesícula biliar é um órgão do corpo humano que apresenta o formato de uma pera e tem como função principal armazenar bile. A bile é necessária para digerir comidas gordurosas que ingerimos. 

A via biliar comum é um tubo que leva a bile do fígado para o intestino. A vesícula biliar está conectada a esta pelo ducto cístico, que também funciona como um canal por onde passa a bile.

Apesar disso, a vesícula biliar não é um órgão essencial, pois conseguimos digerir a comida gordurosa mesmo sem a sua presença. A colelitíase, ou presença de cálculos biliares, pode ocorrer na vesícula biliar.

O que são “pedras” ou cálculos na vesícula biliar?

Os cálculos da vesícula biliar, também denominados “pedras” na vesícula, variam em forma, cor e tamanho. Existem vários tipos de cálculos que se formam na vesícula, sendo mais comum aquele formado pelo excesso de colesterol (que é um dos componentes da bile). 

Aproximadamente 10 a 15% dos adultos vão desenvolver cálculos na vesícula biliar. A colelitíase é mais comum em idosos, mulheres (principalmente as que utilizam pílulas anticoncepcionais) e pacientes obesos. Também, os cálculos podem se formar na vesícula biliar durante a gravidez.

Quais são as complicações, sinais e sintomas clínicos que os cálculos na vesícula biliar podem apresentar?

A colelitíase pode levar a uma série de complicações e apresentar diversos sinais e sintomas clínicos, sendo os principais:

  1. Dores abdominais: geralmente tipo cólica, podendo durar minutos ou horas ou ainda cessar espontaneamente
  1. Pancreatite: é uma inflamação do pâncreas que pode ocorrer se uma das “pedras” sair da vesícula biliar e durante seu deslocamento pela via biliar comum obstruir o ducto pancreático principal (haja visto que o início do ducto pancreático está também nessa localização), assim, essa obstrução desencadeia um processo inflamatório no pâncreas
  1. Icterícia ou “amarelão”: este é um quadro em que os olhos e a pele ficam amarelos e está associado muitas vezes a uma urina com cor de “Coca-Cola” e fezes esbranquiçadas; isso ocorre devido à obstrução da passagem da bile por um dos cálculos que se desloca para via biliar comum, o que também pode causar, muitas vezes, a colangite, que é a infecção das vias biliares

Qual é o tratamento para os cálculos na vesícula biliar?

O tratamento para colelitíase geralmente envolve a cirurgia de retirada da vesícula, conhecida como colecistectomia. É importante ressaltar que a remoção da vesícula biliar é necessária, e não apenas a retirada dos cálculos, uma vez que os cálculos podem se formar novamente e causar complicações.

Além da cirurgia, algumas medidas podem ser adotadas para aliviar os sintomas e prevenir a formação de novos cálculos. Uma dieta pobre em gordura é frequentemente recomendada, pois pode ajudar a reduzir os sintomas. No entanto, não há medicações comprovadamente eficazes para dissolver os cálculos existentes.

Como é a cirurgia de colecistectomia?

A colecistectomia, cirurgia para a remoção da vesícula biliar com os cálculos em seu interior (colelitíase), é realizada com anestesia geral e atualmente por via laparoscópica na maioria das vezes, a não ser em casos específicos em que o paciente apresenta muitas cirurgias abdominais prévias ou alguma outra condição médica do paciente que restrinja a realização deste procedimento. 

Desta forma, a cirurgia de maneira aberta, ou mais conhecida como “cirurgia de corte”, é realizada nestas condições mencionadas acima e em aproximadamente 5% dos casos após tentativa por via laparoscópica sem sucesso.

Conforme discutido acima, a cirurgia laparoscópica, também conhecida como "cirurgia minimamente invasiva", é o método preferido na maioria dos casos de colelitíase. Esse procedimento envolve a realização de quatro incisões pequenas no abdome por onde se inserem os trocateres (peças por onde passam os instrumentos cirúrgicos), sendo uma delas na região do umbigo. 

Uma câmera de vídeo específica é inserida na cavidade abdominal após a insuflação desta com dióxido de carbono. Isto é feito para criar um espaço dentro do abdome para que a câmera de vídeo e instrumentais sejam colocados e manuseados com segurança. 

O cirurgião se guiará pelas imagens da óptica de videolaparoscopia para realizar a cirurgia, que são visualizadas em um monitor que fica ao lado do paciente.

Segue o esquema ilustrativo abaixo:

O tempo de cirurgia depende da dificuldade encontrada. Em média demora de 45 minutos a 1 hora. Durante o procedimento, clips cirúrgicos permanentes são colocados no ducto cístico e na artéria cística (estruturas conectadas à vesícula biliar) para que possam ser cortados e a vesícula biliar removida sem que haja sangramentos ou vazamento de bile. 

A vesícula biliar é removida da cavidade abdominal por um dos orifícios onde estão os trocateres com um dispositivo de plástico específico para isso.

Segue o esquema ilustrativo da anatomia citada acima:

Muitas vezes é necessário realizar colangiografia intraoperatória, que nada mais é do que a injeção de contraste pelo ducto cístico e visualização por meio de imagens de raio-X, para confirmar que não restaram cálculos na via biliar comum.

Quais são os possíveis riscos e complicações da cirurgia?

São raros os casos de complicações graves em casos de cirurgia de colecistectomia para tratamento da colelitíase. Os riscos podem ser maiores a depender de outras comorbidades que o paciente possa apresentar.

Dentre os riscos possíveis da cirurgia de colecistectomia temos:

  • Conversão para cirurgia aberta, como mencionado anteriormente
  • Dores nos ombros, que geralmente ocorrem nas primeiras 24h após procedimento, em decorrência da insuflação do gás no abdome
  • Infecções em geral (pneumonia, infecção na ferida operatória, etc.)
  • Sangramentos, durante ou após a cirurgia, assim como em qualquer procedimento cirúrgico
  • Fístula biliar, ou vazamento de bile, que pode levar ao paciente precisar de novas intervenções cirúrgicas invasivas ou por via endoscópica
  • Danos inadvertidos a estruturas adjacentes à vesícula biliar, como a via biliar comum e a artéria que irriga o fígado; estes casos são potencialmente sérios e raros de ocorrerem
  • Trombose venosa profunda ou Tromboembolismo pulmonar, são coágulos que podem se formar nos pulmões ou nas pernas; isto pode ocorrer após qualquer cirurgia e existem maneiras já preconizadas para tentar minimizar ainda mais esse risco
  • Migração de cálculo para o intestino, pois às vezes algum cálculo pequeno pode passar para a via biliar comum durante a cirurgia sem percebermos e, portanto, pode ir para o intestino sem causar nenhum problema; porém, às vezes, um segundo procedimento por via endoscópica, chamado CPRE (colangiopancreatografia retrógrada endoscópica), pode ser necessário para removê-lo

A colecistectomia é considerada um procedimento seguro e eficaz para o tratamento da colelitíase, proporcionando alívio dos sintomas e prevenindo futuras crises de cálculos biliares. 

Com os avanços na técnica cirúrgica e os cuidados operatórios adequados, os riscos associados à cirurgia são diminuídos, tornando-a uma opção efetiva e segura.

É importante que cada paciente seja avaliado individualmente, levando em consideração suas características para determinar a melhor abordagem cirúrgica!

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Dra. Amanda Carvalheiro
CRM: 144.598/SP
RQE: 52807 - Cirurgia Geral
Atualmente é Cirurgiã da Unidade de Transplante de Fígado da Rede D'Or São Luiz. Atuou como Cirurgiã da Equipe HEPATO de Transplante de Fígado no Hospital Leforte , Hospital das Clínicas do Acre e Hospital Alemão Oswaldo Cruz, no Hospital Israelita Albert Einstein e na Fundação Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto.
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